A iraniana Sakineh Mohammadi Ashtiani, de 43 anos, acusada de cometer adultério com dois homens – um deles supostamente responsável pela morte de seu marido – foi condenada à morte por apedrejamento. Para a mulher, isso significa ser enterrada até o busto e uma multidão de homens atirar pedras contra sua cabeça – pedras grandes o suficiente para machucar, mas pequenas o bastante para não matar de uma vez só -, com o intuito de causar o máximo sofrimento pelo máximo de tempo, antes da morte. O mesmo ritual se aplica aos homens, mas estes são enterrados até a cintura e ficam com os braços livres, para que possam se defender. Segundo a Anistia Internacional, ao menos onze pessoas estão na fila para serem apedrejadas no Irã, oito delas, mulheres. De acordo com a sharia, a lei islâmica, assassinato, estupro, assalto à mão armada, tráfico de drogas e adultério são delitos passíveis de apedrejamento.
Na semana passada, capitais europeias foram palco de protestos com simulações de apedrejamento que atraíram muita atenção da imprensa para o caso de Sakineh. Diante de tanta exposição, as autoridades iranianas mudaram a pena, no final da semana passada, para morte por enforcamento. Mas na quarta-feira recuaram da decisão e, de acordo com pronunciamento do ministro de Relações Exteriores do Irã, Manouchehr Mottaki, o apedrejamento ainda é uma opção possível para punir “os crimes” de Sakineh, que está presa desde 2006 por envolvimento na morte de seu marido. Na quinta-feira, o chanceler brasileiro, Celso Amorim, telefonou para Mottaki para pedir o cancelamento da pena de Sakineh e alertou para o efeito político negativo que a execução pode ter nas negociações em torno do programa nuclear iraniano.
Segundo a advogada e ativista de direitos humanos Mehrangiz Kar, que durante 22 anos advogou no Irã, a retirada do apedrejamento do sistema legal iraniano é uma reivindicação de longa data, inclusive da parte de alguns clérigos que consideram esse método de execução prejudicial à imagem do Islã. Sob o governo de Mahmoud Ahmadinejad a violação dos direitos humanos no Irã só piorou, uma vez que a ala mais conservadora tomou conta do Judiciário, garante Mehrangiz em entrevista ao Aliás por telefone. O desrespeito à dignidade humana é ainda maior quando se trata de mulheres e de não muçulmanos. “As mulheres no Irã vivem um apartheid semelhante ao implantado na África do Sul”, diz ela.
Mehrangiz vive nos Estados Unidos, para onde emigrou depois de ser considerada persona non grata em seu país natal. Em 2000, ela foi condenada a 4 anos de prisão por ter comparecido a um congresso em Berlim em que se discutiu a violação dos direitos humanos no Irã depois das eleições presidenciais. Quando voltou, foi encarcerada na prisão política de Evin, em Teerã. Só saiu por causa de um câncer de mama e da pressão da União Europeia, em particular da Holanda, para que fosse temporariamente libertada para buscar tratamento. “Enquanto estava no exterior prenderam meu marido e, torturando-o, conseguiram evidências contra mim.” Entre as evidências levantadas contra ela estavam fotos em que aparecia sem o niqab, o tradicional véu islâmico. “Faz nove anos que eu e meu marido não nos vemos. Ele não pode sair e eu não posso entrar no Irã. Nossa família foi destruída só porque o governo não tolera críticas.” Para ela, a comunidade internacional não tem interesse em pressionar o governo de Ahmadinejad para que cumpra os estatutos de direitos humanos dos quais o Irã é signatário. “Quando algum país se dá ao trabalho de falar do Irã, o foco são as sanções e as armas nucleares. Nunca se preocupam com o que é da maior importância: a preservação da dignidade do povo iraniano.”
(Carolina Rossetti - O Estado de São Paulo)
Absurda essa notícia, o Governo do Irã havia sido muito criticado por essa atitude, e teria sido massacrado pela opinião Mundial, porém nada pode ser feito, e a Iraniana será morta ainda essa semana! Lamentável! Os seres humanos continuam com a prepotência e a arrogância de se acharem no direito de acabar com a vida de um semelhante, acredito que existem maneiras menos radicais de se "castigar" por um erro!
A foto que postei, é de uma campanha feita na época 2005, uma mulher que seria apedrejada nas mesmas circunstâncias.
Triste, mas não devemos esquecer, que cada cidadão do Irã conhece suas leis!! Teoricamente são eles também que elegem seus representantes!!No Brasil hipocrisia a parte, também temos a pena de morte, não declarada, onde os menos favorecido são penalizados na calada da noite!!!Parabéns Carol. bjux
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